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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Línguas semíticas: Breve história do hebraico

A língua hebraica passou sem dúvidas por modificações durante o período do aparecimento dos diversos escritos do Antigo Testamento. Tentativas têm sido feitas no sentido de determinar as fases sucessivas desse desenvolvimento, e ligar certos livros a certos períodos sobre bases lingüísticas. Os dados, porém, são de tal modo insuficientes e incertos, que não é de se esperar que isso possa ser feito com segurança. Alguns livros terminam com palavras persas e aramaicas, indicadora de uma data recente, assim como outros elementos característico do ``Novo Hebraico´´. A este período são atribuídos geralmente os Livros das Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Eclesiastes e Daniel. A idade de ouro, ou período clássico, manifesta-se brilhantemente em Isaías, Jeremias, Ezequiel, e no Deuteronômio. Do primitivo ao ante-clássico tão pouco se conhece que não podemos fixar de forma precisa a data dos escritos do Antigo Testamento.

Origem do termo ``semita´´

O hebraico é um idioma oriental que pertence à família semita. O adjetivo semita foi usado pela primeira vez para descrever todos os idiomas do Crescente Fértil estreitamente inter-relacionados. Posteriormente, a nomenclatura foi adotada pelos estudiosos para designar os vários agrupamentos de povos falantes desse idioma. A palavra semita origina-se do nome próprio Sem, que, de acordo com Gênesis 10, foi um dos filhos de Noé e ancestral dos assírios, arameus, hebreus, e de outros povos que falavam idiomas parecidos. O termo semita passou a designar de modo operacional todos esses idiomas correlatos, mas não significa que todos os seus falantes eram descendentes de Sem.

Os idiomas semíticos

O hebraico é apenas um dos muitos idiomas correlatos que tiveram sua origem no Crescente Fértil. Esses idiomas têm se dividido em três grupos gerais: os da Mesopotâmia são chamados semíticos orientais; as da Síria-Palestina, semíticos do noroeste; e os da Arábia e da África do norte, semíticos do sul.

Semíticos orientais

O grupo semítico oriental, geralmente chamado de acádio, é o tronco lingüístico da Assíria, de Acade e da Babilônia. Era registrado na escrita cuneiforme tomada emprestada dos Sumérios antigos. Segue abaixo um exemplo de escrita semítica oriental cuneiforme, o famoso Código de Hamurábi.

Código de Hamurábi – Museu do Louvre em Paris

Semíticos do noroeste

O semítico nor-oriental é normalmente dividido em dois períodos: materiais escritos antes e depois de aproximadamente 1000 a.C. nos séculos que antecederam a virada do milênio, os idiomas desses grupos ainda eram escritos em cuneiforme (textos de Mári, as tábuas ugaríticas, e as cartas de Tel El-Amarna). Já em 1000 a.C., outras escritas começavam a ser usadas. O texto alfabético ugarítico no exemplo que se segue abaixo representa um cuneiforme mais simples do que o acádio, por que é um alfabeto linear em vez de ser uma escrita silábica.

Semítico sul-ocidental

O semítico sul-ocidental é representado pelos dialetos árabes antigos (tais como o sabeano e o mineano), pelo árabe clássico (que predomina no oriente Médio mediante a propagação do islamismo) e o etíope (chamado de Ge`ez por aqueles que o falam). O exemplo que se segue abaixo é de escrita árabe.

A preservação do Hebraico bíblico

Nos tempos do exílio babilônico, exemplares em hebraico das escrituras eram conservados nas regiões que tinham populações judaicas grandes: a Babilônia, o Egito e a Palestina. Alguns estudiosos acreditam que esses exemplares vieram a ser os precursores dos tipos de textos principais da Bíblia hebraica. Cada um se desenvolveu paulatinamente, mas o tipo textual babilônico era o mais bem conservado.

Depois da volta dos exilados e da ascensão do estado judaico, passaram a ser usadas várias versões da Bíblia. Com o hebraico em declínio e a ascensão do cristianismo, surgiu a necessidade de uma versão bíblica padronizada, um texto para usar no templo, por assim dizer. Segundo uma das teorias, os escribas que trabalhavam sob a orientação do rabino Aquiba, perto do fim do século I d,C., convenceram-se da superioridade do texto da Babilônia. No Pentateuco, o texto era tosco, e conservava variantes arcaicas e difíceis em vez de exibir revisões e variante mais fáceis. Por essa razão, o texto babilônico tornou-se o texto padronizado. A história exata do texto é bastante mais complicada do que sugere a presente vista panorâmica simplificada.

Esse tipo textual autorizado foi conservado no decurso dos séculos subseqüentes pelos escribas e depois, pelos massoretas – os tradicionalistas que conservaram o conhecimento de como o texto deveria ser lido, por meio de acrescentar várias marcas e pontos ao texto nos séculos VIII e IX d.C. A versão hebraica das escrituras usada atualmente é conhecida como o texto massorético, e seu manuscrito mais antigo atualmente existente, da família de escribas Bem Asher, é da data aproximada de 895 d.C.

A importância do Hebraico bíblico

Temos muitos bons motivos para estudar o hebraico bíblico. Alguns dos mais importantes seguem-se aqui:

· O conhecimento do hebraico bíblico é importante para a tradução e exegese da Bíblia. Os estudiosos que atribuem valor a literatura bíblica consideram importante o estudo da língua hebraica.

· O conhecimento do hebraico bíblico é essencial para responder às perguntas a respeito da origem e caráter literário da Bíblia hebraica.

· O conhecimento da língua hebraica é essencial para as interpretações das expressões e modos de pensamentos semíticos que aparecem no Novo Testamento grego.

· O conhecimento do hebraico bíblico, com todas as suas construções e nuanças, é importante para o estudo da literatura rabínica.

· O conhecimento do hebraico bíblico é o ponto de partida mais fácil para o estudo de outros idiomas semíticos, que são de interesse para os historiadores que procuram entender os inícios da civilização.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A igreja e o drama de Betesda

Segundo dados do IBGE – instituto brasileiro de geografia e estatística – Podemos ter uma idéia do número de evangélicos no Brasil. Em 1970, a população evangélica girava em torno de 4,8 milhões de fiéis. Em 1980, o tamanho do rebanho evangélico galgou a marca de 7,9 milhões. Em 1991, a igreja já avançava a barreira dos 13,7 milhões. Em 2000, acima de todas as previsões estatísticas, a igreja ultrapassou os 26 milhões de adeptos! Durante a década de 90, a velocidade de crescimento da Igreja Evangélica foi 4 vezes maior que a da população brasileira. Atualmente, giramos ao redor de 20% da população brasileira, ou seja, mais de 30 milhões de almas. A palavra igreja aparece pela primeira vez no evangelho de Mateus capítulo 16, e vem da palavra grega ``ekklesia´´, e significa assembleia. Nesse texto Jesus declara que as portas do inferno não poderão prevalecer contra a sua igreja, e o pronome possessivo demonstra nitidamente que a igreja pertence a Jesus. Essa assembleia de pessoas tem a missão de pregar o evangelho, e viver o amor que o seu mestre viveu, pois, ele mesmo disse: ``novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros´´. (MATEUS 13:34-35)
A seta indicadora do cristianismo autêntico é o amor! O amor é a marca da igreja de Cristo, é o leme que conduz em segurança o navio da nossa vida cristã. Mas vemos a igreja de Cristo relutando em não viver esse amor, e por muitas vezes se esquecendo da sua identidade como igreja de Cristo. Na língua hebraica, praticamente não existe distinção entre as palavras amor e misericórdia. Logo, quando Jesus nos fala de amor, está claramente falando de misericórdia. O Tanque de Betesda (hd;fa, tBe), que em hebraico significa “casa de misericórdia”, era localizado, segundo Flávio Josefo, em Jerusalém, ao norte do Templo, próximo ao mercado das ovelhas. Em escavações nesta região, no ano de 1888, o professor e arqueólogo, Dr. Conrad Schick, achou um grande tanque com cinco pavilhões (degraus), que levavam a uma parte mais baixa, onde havia água. Em uma de suas paredes havia a pintura de um anjo no ato de movimentar as águas. A narrativa do capítulo 5 do evangelho de João, conta que havia junto ao tanque de betesda, uma multidão de enfermos, coxos, paralíticos, e cegos. De tempos em tempos, as águas eram agitadas por um anjo, e a primeira pessoa que entrasse no tanque depois que as águas fossem agitadas, seria curada de qualquer enfermidade. Alguém chamou a atenção de Jesus, um homem que já sofria naquele tanque há 38 anos, sua doença não é especificada, mas fica claro que é uma enfermidade que não permitia que ele andasse. Esse homem segundo a teologia judaica era um amaldiçoado. Muitos judeus criam que as doenças congênitas, eram em conseqüência de algum pecado cometido quando a criança estava no útero.
Lembremo-nos do episódio do capítulo 9 do evangelho de João, Onde os discípulos perguntam a Jesus: mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Os discípulos também criam nessa teologia do toma lá dá cá. Logo, esse homem estava condenado a se afastar da sua família, profissão, lazer, e abandonar seu convívio social por completo. Era visto como uma maldição por muitos, e o único lugar, onde essa alma açoitada pelo sofrimento e humilhação poderia buscar abrigo e refúgio, era betesda, a casa da misericórdia! Era lá onde o coração retorcido pela dor, a alma que gemia pela solidão, e os rejeitados pela sociedade, poderiam vislumbrar uma penumbra de esperança. Esse homem não tem nome, nem família, e nem carinho. Esse homem calejado pela vida, se alimentava da esperança que dizia que um dia a sua vida iria mudar. Imagino quantas noites esse homem pegou no sono pensando: amanhã pode ser o meu dia, alguém vai me ajudar a chegar lá, vão se lembrar de mim. Mas a realidade do dia seguinte se levanta diante do homem que tinha um sonho: ser curado! Ele observa como as pessoas não tem misericórdia, como cada um pensa em si mesmo e não conseguem fazer jus ao nome daquele lugar. As pessoas que ali se encontravam, eram tão frias, quanto às águas daquele tanque. A indiferença e a falta de amor reinavam em betesda. Aquele homem se encontra com Jesus e este lhe faz uma pergunta: queres ser curado? Mas a apatia, o egoísmo, e a falta de misericórdia daquele lugar era tamanha, que o homem não consegue expor o seu maior sonho. Antes, vomita toda sua dor dizendo: ``Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque quando a água é agitada; pois, quando eu vou, desce outro antes de mim´´.
Minha intenção não é focar a cura da enfermidade, mas sim, as palavras desse homem que expressa a dor de alguém que esperava misericórdia na casa da misericórdia! A igreja é casa de misericórdia, é casa da graça, casa do amor. Mas o que menos vemos ás vezes nas nossas igrejas é misericórdia, graça, e amor! A bem da verdade, a casa da misericórdia às vezes não tem misericórdia nenhuma, não admite erros nem falhas. Parece que estamos esquecendo que a igreja é um hospital de pecadores. É o lugar onde os ``rejeitados e bestializados´´ pela sociedade buscam ajuda, auxílio, e alguém que mostre o que é amor e misericórdia. Temos a cruel mania de amar os que o sistema seletivo e mundano da sociedade autoriza. Vivemos no modus operandi do inferno, quando rejeitamos as pessoas que precisam de misericórdia. Como nossas igrejas tratam as pessoas que se desviam? Como os ex-homossexuais e lésbicas são tratados na casa da misericórdia? Como a igreja se comporta diante dos meninos de rua, traficantes, membros de gangs, e pessoas problemáticas da sociedade que estão freqüentando a igreja? Infelizmente muitas das nossas igrejas falham nisso, e terminamos presenciando o ``drama de Betesda´´. E quando se dá o drama de betesda? O drama se dá quando na casa da misericórdia não há misericórdia! Será que na nossa igreja estamos vivenciando o drama de betesda? Já paramos para olhar as pessoas da nossa igreja, que estão vivendo o drama de betesda, como Jesus olhou para aquele homem? Temos que fazer uma reflexão profunda sobre nosso comportamento como igreja do Senhor. E que verdadeiramente a nossa igreja local, possa ser de fato a casa da graça, a casa do amor, e a casa da misericórdia!