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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A igreja e o drama de Betesda

Segundo dados do IBGE – instituto brasileiro de geografia e estatística – Podemos ter uma idéia do número de evangélicos no Brasil. Em 1970, a população evangélica girava em torno de 4,8 milhões de fiéis. Em 1980, o tamanho do rebanho evangélico galgou a marca de 7,9 milhões. Em 1991, a igreja já avançava a barreira dos 13,7 milhões. Em 2000, acima de todas as previsões estatísticas, a igreja ultrapassou os 26 milhões de adeptos! Durante a década de 90, a velocidade de crescimento da Igreja Evangélica foi 4 vezes maior que a da população brasileira. Atualmente, giramos ao redor de 20% da população brasileira, ou seja, mais de 30 milhões de almas. A palavra igreja aparece pela primeira vez no evangelho de Mateus capítulo 16, e vem da palavra grega ``ekklesia´´, e significa assembleia. Nesse texto Jesus declara que as portas do inferno não poderão prevalecer contra a sua igreja, e o pronome possessivo demonstra nitidamente que a igreja pertence a Jesus. Essa assembleia de pessoas tem a missão de pregar o evangelho, e viver o amor que o seu mestre viveu, pois, ele mesmo disse: ``novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros´´. (MATEUS 13:34-35)
A seta indicadora do cristianismo autêntico é o amor! O amor é a marca da igreja de Cristo, é o leme que conduz em segurança o navio da nossa vida cristã. Mas vemos a igreja de Cristo relutando em não viver esse amor, e por muitas vezes se esquecendo da sua identidade como igreja de Cristo. Na língua hebraica, praticamente não existe distinção entre as palavras amor e misericórdia. Logo, quando Jesus nos fala de amor, está claramente falando de misericórdia. O Tanque de Betesda (hd;fa, tBe), que em hebraico significa “casa de misericórdia”, era localizado, segundo Flávio Josefo, em Jerusalém, ao norte do Templo, próximo ao mercado das ovelhas. Em escavações nesta região, no ano de 1888, o professor e arqueólogo, Dr. Conrad Schick, achou um grande tanque com cinco pavilhões (degraus), que levavam a uma parte mais baixa, onde havia água. Em uma de suas paredes havia a pintura de um anjo no ato de movimentar as águas. A narrativa do capítulo 5 do evangelho de João, conta que havia junto ao tanque de betesda, uma multidão de enfermos, coxos, paralíticos, e cegos. De tempos em tempos, as águas eram agitadas por um anjo, e a primeira pessoa que entrasse no tanque depois que as águas fossem agitadas, seria curada de qualquer enfermidade. Alguém chamou a atenção de Jesus, um homem que já sofria naquele tanque há 38 anos, sua doença não é especificada, mas fica claro que é uma enfermidade que não permitia que ele andasse. Esse homem segundo a teologia judaica era um amaldiçoado. Muitos judeus criam que as doenças congênitas, eram em conseqüência de algum pecado cometido quando a criança estava no útero.
Lembremo-nos do episódio do capítulo 9 do evangelho de João, Onde os discípulos perguntam a Jesus: mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Os discípulos também criam nessa teologia do toma lá dá cá. Logo, esse homem estava condenado a se afastar da sua família, profissão, lazer, e abandonar seu convívio social por completo. Era visto como uma maldição por muitos, e o único lugar, onde essa alma açoitada pelo sofrimento e humilhação poderia buscar abrigo e refúgio, era betesda, a casa da misericórdia! Era lá onde o coração retorcido pela dor, a alma que gemia pela solidão, e os rejeitados pela sociedade, poderiam vislumbrar uma penumbra de esperança. Esse homem não tem nome, nem família, e nem carinho. Esse homem calejado pela vida, se alimentava da esperança que dizia que um dia a sua vida iria mudar. Imagino quantas noites esse homem pegou no sono pensando: amanhã pode ser o meu dia, alguém vai me ajudar a chegar lá, vão se lembrar de mim. Mas a realidade do dia seguinte se levanta diante do homem que tinha um sonho: ser curado! Ele observa como as pessoas não tem misericórdia, como cada um pensa em si mesmo e não conseguem fazer jus ao nome daquele lugar. As pessoas que ali se encontravam, eram tão frias, quanto às águas daquele tanque. A indiferença e a falta de amor reinavam em betesda. Aquele homem se encontra com Jesus e este lhe faz uma pergunta: queres ser curado? Mas a apatia, o egoísmo, e a falta de misericórdia daquele lugar era tamanha, que o homem não consegue expor o seu maior sonho. Antes, vomita toda sua dor dizendo: ``Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque quando a água é agitada; pois, quando eu vou, desce outro antes de mim´´.
Minha intenção não é focar a cura da enfermidade, mas sim, as palavras desse homem que expressa a dor de alguém que esperava misericórdia na casa da misericórdia! A igreja é casa de misericórdia, é casa da graça, casa do amor. Mas o que menos vemos ás vezes nas nossas igrejas é misericórdia, graça, e amor! A bem da verdade, a casa da misericórdia às vezes não tem misericórdia nenhuma, não admite erros nem falhas. Parece que estamos esquecendo que a igreja é um hospital de pecadores. É o lugar onde os ``rejeitados e bestializados´´ pela sociedade buscam ajuda, auxílio, e alguém que mostre o que é amor e misericórdia. Temos a cruel mania de amar os que o sistema seletivo e mundano da sociedade autoriza. Vivemos no modus operandi do inferno, quando rejeitamos as pessoas que precisam de misericórdia. Como nossas igrejas tratam as pessoas que se desviam? Como os ex-homossexuais e lésbicas são tratados na casa da misericórdia? Como a igreja se comporta diante dos meninos de rua, traficantes, membros de gangs, e pessoas problemáticas da sociedade que estão freqüentando a igreja? Infelizmente muitas das nossas igrejas falham nisso, e terminamos presenciando o ``drama de Betesda´´. E quando se dá o drama de betesda? O drama se dá quando na casa da misericórdia não há misericórdia! Será que na nossa igreja estamos vivenciando o drama de betesda? Já paramos para olhar as pessoas da nossa igreja, que estão vivendo o drama de betesda, como Jesus olhou para aquele homem? Temos que fazer uma reflexão profunda sobre nosso comportamento como igreja do Senhor. E que verdadeiramente a nossa igreja local, possa ser de fato a casa da graça, a casa do amor, e a casa da misericórdia!

Um comentário:

  1. Que Deus continue sustentando a sua fé em Jesus Cristo!
    Não conhecia esse significado com o tanquue de Betesda,é bastante interessante.
    A Igreja tem perdido a visão da misericordia pelo simples fato de esta se afastando dos fundamentosd do evabgelio. Se buscarmos ver Jesus como exemplo e termos o Espirito Santo como conselheiro,a miseriocordia sera mais um dos frutos do Espirito.
    Forte Abraço. Ass: Erik Eloy

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