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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Os Perigos da Interpretação Bíblica - Resenha do Livro



Neste valioso livro, o autor não tem a intenção de fazer um trabalho hermenêutico nos textos citados como exemplo. Essa não é a proposta do livro. Carson apresenta os vários tipos de falácias que podem ser encontrados em trabalhos de exegese. O autor diz que uma interpretação crítica das Escrituras é aquela que justifica adequadamente os aspectos: lexical, gramatical, cultural, teológico, histórico, geográfico ou outro tipo. Que é importante uma abordagem cuidadosa da Bíblia para nos capacitar à ouvi-la um pouco melhor. Não devemos aplicar ao texto bíblico as interpretações tradicionais que recebemos de terceiros, mas sempre exercer um papel crítico.
O estudo dos erros de interpretação é importante, porém contém seus riscos porque gera um negativismo contínuo é espiritualmente perigoso. O distanciamento, apesar disto, é um componente necessário do trabalho crítico.
Sem dúvidas, é determinante para se entender a Bíblia o desejo e vontade latente de interpretá-la corretamente. Pois quando falamos de Bíblia, não estamos falando de um livro qualquer. É preciso esforço para interpretar e explicar a palavra de Deus com clareza.
Antes de ler este livro já tinha uma idéia parecida da citação (pg. 16) que fala das formulações teológicas contraditórias entre os chamados “evangélicos”, onde se vê de tudo, das doutrinas mais simplórias às mais “sofisticadas”, porém muitas absurdas. Tudo isto por falta da aplicação correta da exegese por parte de alguns ou até por má-fé por parte de outros.
Após a leitura obtive uma visão do que é exegese. Aprendi que exegese é a “arte” de interpretar as escrituras da melhor forma, completa e exaustivamente, enquanto que hermenêutica diz respeito às ferramentas utilizadas ao exercício de exegese.
Achei interessantes os aspectos apontados pelo autor sobre os erros encontrados em diversas exegeses. Dentre eles me chamaram a atenção:
1) Obsolescência semântica: Significado de uma palavra que foi diferente em outra época. Ex. Pedagogo: escravo x professor; 2) Fontes Duvidosas: Utilizar pesquisas insuficientes e dando créditos alheios sem a devida verificação das fontes originais; 3) Erros lógicos: Inobservância das leis fundamentais da lógica, as quais são universalmente verdadeiras, tais como a lei da não-contradição e a lei do termo médio excluído; 4) Falácia baconiana que submete o historiador à uma busca de um objeto impossível por meio de um método impraticável. Destaca que é fundamental não deixarmos de reconhecer nossas próprias suposições, indagações, interesses e preconceitos, mas admitindo todos estes e dialogando com o texto, procurando fazer concessões para evitar confusão de nossa própria cosmovisão com as dos escritores bíblicos; 5) Distinção entre figurado e literal: “Deus deve ter um corpo, pois o texto fala do poderoso braço direito de Deus”.
O principal que aprendi foi sobre a necessidade de reconhecer a própria bagagem de convicções que cada um de nós traz consigo, especialmente aquelas herdadas, para não deixar interferir num distanciamento necessário do texto. Sempre exercer a crítica e esgotar inteiramente todos os meios disponíveis de consulta e interpretação, com imparcialidade e posturas que sejam baseadas em convicções exegéticas.

CARSON, Donald A. Os Perigos da Interpretação Bíblica. 2. ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 2001.

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